Hoje é o primeiro dia do Ramadan, mês sagrado dos muçulmanos e, apesar de eles terem que ficar um tempão sem comer, é incrível o quanto o mês é amado e esperado pelos fiéis religiosos! Mas, como vivemos em um país de maioria cristã, não é de conhecimento comum a existência do Ramadan, então vou dar uma explicada básica para vocês!

          Assim como o Carnaval e a Páscoa cristãs, o Ramadan islâmico é definido pelo calendário lunar. Ele começa no primeiro dia do nono mês do calendário lunar e dura entre 29 e 30 dias. Cada ano o mês do Ramadan começa 11 dias antes, de acordo com o calendário gregoriano. Dessa forma, durante a vida de um muçulmano, ele vai passar por Ramadans em vários meses e estações diferentes.

Ok, mas por que é um mês sagrado e o que isso implica na vida dos muçulmanos?

          O Ramadan é considerado um mês sagrado por ser aquele em que o Corão (livro sagrado da religião islâmica) foi revelado por Allah ao seu principal profeta, Muhammad (Maomé). Assim, para se lembrar desse mês, onde o profeta viveu um intenso retiro espiritual e contato profundo com o divino, os fiéis islâmicos jejuam. O jejum do Ramadan é um dos cinco pilares da religião, o que significa que sua realização é uma premissa básica para quem se considera fiel islâmico.

          Durante este mês, os fiéis fazem jejum de comida e bebida desde o nascer até o pôr-do-sol, diariamente. Dessa forma, as famílias se arranjam para que o café da manhã ocorra antes do nascer do sol e em todo pôr do Sol ocorre uma festa e um banquete. Além da abstenção de alimentos, os fiéis também não podem praticar relações sexuais enquanto o Sol estiver alto no céu.

          Durante o jejum, as orações são fortificadas e estimula-se que todos os fiéis façam uma leitura mais apurada do livro sagrado durante este mês. O objetivo é de purificação espiritual do fiel, para que haja uma aproximação a Allah, semelhante à vivenciada por Muhammad quando na revelação do Corão. Dessa forma, é um mês inteiro de retiro espiritual e busca por um encontro com o divino.

          O jejum não é obrigatório para todas as pessoas, havendo exceção para as crianças, mulheres no período pós parto e menstruadas, além de idosos e pessoas que tenham/estejam com doenças que impeçam o jejum.

          Ao final do mês, comemora-se o Eid, que é a festa principal do calendário islâmico e o único feriado religioso dos países de maioria islâmica. Nele as famílias se reúnem e compartilham um banquete em homenagem a Allah e agradecimento pelo envio do Corão. Geralmente, o banquete envolve o sacrifício de um animal, que é dividido por todos os familiares. A festa é um momento de alegria e união, bastante esperada por todos os fiéis.

          É interessante lembrarmos que o tempo que o Sol permanece alto é variável, de acordo com as estações do ano e localizações geográficas. Dessa forma, enquanto muçulmanos que habitam países do Hemisfério Sul terão dias menores de Ramadan neste ano e, com isso, jejuarão por menos tempo, os habitantes de países do Hemisfério Norte, que estão próximos ao solstício de verão, terão dias maiores, chegando a jejuar por 21h na Islândia, por exemplo, como vemos no vídeo abaixo, publicado na página do Mvslim.

          Logo, até o dia 05 de Julho desse ano, se você convive com muçulmanos, evite comer ou ingerir líquidos próximo a eles enquanto o Sol estiver no céu. Além de ser uma questão de respeito, é um modo de ajudá-los a não se sentirem tentados a quebrar o jejum e seu retiro espiritual. Ajude-os a se manter alimentados a partir de quando a Lua aparecer no céu e não faça piadas sobre seu jejum. O respeito e a tolerância fazem todos mais fortes, independente da vertente religiosa que sigam.

          E, se você é muçulmano, que seu mês sagrado seja bastante enriquecedor para sua jornada espiritual e que você cresça e se sinta mais próximo a Allah! A cada vez que pensarem em quebrar o jejum, lembrem-se da sensação maravilhosa que é chegar no Eid após um bom Ramadan e continuem. A disciplina religiosa dos fiéis islâmicos e sua busca por conhecimento da religião são fontes de admiração para todo o mundo não islâmico e eu, em particular, agradeço a cada um de vocês por seguirem essa jornada incrível. Por isso o meu Mubarak!